sábado, 15 de outubro de 2011

A minha alternativa.

- Oi. Oi! Tu, sim tu. Tu que olhas para o horizonte com os olhos turvos. Eu lembro-me de ti! Não eras tu que tinhas aquele imenso talento? Que um dia todos os problemas se solucionariam assim que estalasses os dedos? Eras tu sim! Então? Como vai a vida? Tens conseguido maneira de espalhar a tua magia pelos comuns mortais? Vejo que sim, essa tua face apodrecida e esse corpo ressequido dizem-me que tens conseguido muito sucesso. Fico muito feliz por ti! Imagino que essa pistola seja para disparar uma salva em tua honra! Que bom, conseguires um momento de sossego só para ti. Com a fama que tu deves ter alcançado, aposto que é raro estares assim ao abandono. Bem, gostei de te ver. Espero que continues a mostrar o dom que nasceu contigo. Invejo-to diariamente. E não te preocupes, é normal tremeres tanto de emoção, não é todos os dias que somos os melhores naquilo que fazemos. Mas se calhar era melhor limpares as lágrimas. Alguns podem considerar um acto de sentimentalismo excessivo. Tudo de bom para ti.

"E, ao afastar-se, ouviu um tiro. Os pássaros afastaram-se, o ar recebeu as ondas de choque e eu sorri. Não reparei no jorro de sangue que saía daquela melancia esmagada que outrora fora um crânio humano. Não era essa a minha função de qualquer das formas. Como simplório que sou, apenas passeava, sem nada para fazer depois do meu trabalho comum, 8 horas por dia, 5 dias por semana. De forma simples, fiquei feliz. Ele sempre tivera talento, sempre lho disseram. Mesmo quando vários colegas apareceram com trabalhos bem melhores que os dele, não desistiu e continuou. Mesmo quando esses colegas foram laureados, ele não parou. Mesmo quando lhe recusaram a existência profissional, ele não parou. E agora provavelmente estaria a ensaiar o discurso de vitória. Felizmente vejo tudo de forma simples. Ai de mim complicar tudo como ele. Tenho pena de não ser tão inteligente como ele e prestar atenção a todas as notícias. Gostava de o ver na televisão."

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