terça-feira, 25 de outubro de 2011

Marco Aurélio Galvão Teixeira.

Sempre te vi longe. Nunca tive coragem de me aproximar de ti e dizer-te o quanto te admirava. Havia um poço enorme entre nós, mas acho que nunca te apercebeste da sua existência. Pudera, para ti o Mundo era um punhado de acontecimentos facilmente decifrados. Para mim, eram espinhos de todos os lados prontos para me magoar. Por isso, quando o poço ficou demasiado fundo para eu conseguir atravessá-lo, tu não te preocupaste. Com o teu sorriso habitual, deixaste-te ir, sabendo o teu lugar em mim. E um dia, quando ganhei coragem para atravessar o poço, tu já estavas nas suas profundezas. Eu já não te podia alcançar. Na verdade, até isso tu me perdoaste. Tanto me perdoas, que ainda hoje a tua memória me protege e sorri para mim. Para me mostrar que tenho de deixar de complicar. Para me mostrar a felicidade. Para descomplicar o Mundo como só tu sabias fazer. Mas só complicas as saudades que tenho da tua existência.


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