sábado, 9 de março de 2013

Estudo em Dó Menor.

Incoerência, incoerente,
Bastardo demente,
Tristeza sorridente
Nunca faz frente
A quem é crente
Na inexistência da mudança.

Voltas pela direita,
Entraste na seita,
Pela esquerda deita
O veneno, cuja receita
Vem da depressão na colheita
Que o meu carácter insiste em criar.

Palavras sem nexo,
Amor sem sexo,
Namoro sem ex,
Tumor em anexo,
Coração perplexo
Por errar e voltar a errar.

E no fim, que resta?
O piano que toca na solidão.
O arrependimento que canta ao ouvido.
A gargalhada da incompetência.
Os pedaços do que foi o meu corpo.
O desejo de metamorfose.

Mas não há metamorfose.
Há apenas engano.
Uma pintura borrada não se apaga.
Queima-se. Lancem as chamas.
Estou pronto para carbonizar.