quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Outono.

Uma folha cai. Castanha, cansada, com o verde a fugir pelas linhas duras da sua forma geométrica. É o Outono que regressa. Com ele, regressam os ventos, portadores de memórias do que um dia esta época significou. Identifico a sua chegada com o arrepio pelo meu corpo, causa-efeito da electricidade estática que o que dissemos carrega, solto no ar. Já não estou onde os meus sentidos me dizem que estou. Fui onde o meu coração me levou. A um banco, num jardim, em frente a um miradouro, com Lisboa a olhar para mim. No meu colo, pela primeira vez, soltas as tuas emoções, os teus receios, os teus desejos, as tuas esperanças, o teu ser. Quando tento afagar tudo o que me dás, acabo por afagar apenas a minha perna. Estou num degrau, numa qualquer rua, em frente a uma estrada, com Lisboa a olhar para mim. No meu colo, as minhas mágoas, a minha dor, as minhas lembranças, as minhas incertezas, a minha saudade. E uma gota de chuva, ácida. Olho para cima, para me abrigar do temporal, mas engano-me. Não estão nuvens no céu. Apenas a memória de quando o Outono foi sentir-te e não lembrar-te.

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