terça-feira, 11 de junho de 2013

O centro.

Sento-me no canto da sala. Na realidade estou no centro, mas quando tu estás presente, qualquer posição onde esteja é o canto. Porque tu és, naturalmente, o foco. Todos os locais parecem ter sido construídos com o único propósito de te iluminar ainda mais. Não és como uma obra de arte, soturna, imóvel. És mais como a gargalhada de uma criança, irremediavelmente contagiante. Como o acorde de uma guitarra, deliciosamente viciante. Como o aroma de uma rosa, inocentemente intoxicante. Não me interpretes mal, eu não desejo o centro. Desejo-te. Desejo ser o objecto do teu olhar, a razão do teu sorriso, o causar da tua vivacidade, a metade que a tua alma ainda não sabe que tem. Mas tudo isto não passam de meras divagações de quem, relutantemente, te vê dançar, ao som das tuas palavras. Sei que, de vez em quando, também me vês aqui ao canto. Suspeito que já tenhas lido nos meus olhos o que a minha boca teme dizer e o que o papel admite. Continuaremos assim, tu no centro, eu no canto, observando-te. Um dia, irei dizer-te tudo. Não porque te quero roubar o centro. Apenas porque uma pessoa só consegue sentar-se no canto até certo ponto. Até lá, continua a existir, alheia a mim. O jogo um dia irá acabar, por minha ou tua vontade. Deixemos o destino decidir o momento. O resultado ficará por nossa conta.

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