quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Estou mesmo muito cansado.

Olho para o reflexo do vidro da camioneta. O destino, já soube, mas esqueci-me. Estava a pensar em ti e perdi o sentido do que estava a fazer. Também não era importante. O importante era localizar-te nos meus pensamentos. Ver-te de novo na minha imaginação. Observar-te na minha mente. És tão bonita lá como na realidade, com a diferença de ser complicado tocar-te nos recônditos do meu ser. Mas isso não te impede de me tocares, normalmente de forma furtiva. Pelo menos suponho que assim seja, porque nunca consigo tocar-te de novo quando te sinto dentro de mim. Infelizmente, este dilema teve que ser interrompido. Voltei ao mundo real e percebi que o vidro estava molhado, por isso estar a observá-lo. Olhei para cima, em busca da chuva que provavelmente teimava em cair e deixar-me tão melancólico. Não vi fuga nenhuma, portanto voltei a olhar para o vidro e vi o meu reflexo. Aí descobri que afinal não era chuva. Eram as saudades tuas pela minha face. Limpei-as, sem as deitar fora, guardei-as de novo no meu coração e virei-me para o outro lado. O cansaço é muito, mas não é por preguiça que vou deitá-las fora amanhã. Vais voltar a ser real e a deixar-me tocar-te. Aí reciclarás as saudades que te dei e, furtivamente, quando deixar de te ver, voltarás a colocá-las em mim. E eu percebo porquê. Eu também tenho medo de te perder quando olho pelo vidro da camioneta.

1 comentário:

  1. Muito giro (= Gostei.
    Continua!

    Já agora; passa pelo meu blog, vê, divulga, comenta: http://dontworrybe.blogspot.com/

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