quarta-feira, 10 de julho de 2013

Troféus.

O reflexo é forte. Dourado, metálico. Refresca-me o corpo. É sólido ao toque, impessoal, sem vida. É esse o meu cenário. Olho em volta, procurando algo mais do que isto. Mas só vejo letras bonitas, apregoando os maiores feitos, as mais valentes vitórias, os mais merecidos méritos. As minhas mãos tentam tactear à minha volta, mas em vão. Estão presas por umas correntes brilhantes, cheias de diamantes falsos, daqueles que brilham só quando não se olha para o seu interior. Tento gritar, até perceber que não tenho voz. Apenas tenho uma melodia constante, sempre no mesmo timbre, na mesma nota, na mesma melancolia. A minha mente tenta assustar-se e reagir. Nesse momento, percebo que não é o Inferno que me rodeia. É o Paraíso que eu criei, para substituir a imperfeição que me trazia calor, palavras mal-escritas e sinceras, cordéis gastos e simples, sons roucos, vindos do interior do coração. A imperfeição que tanto demorei a encontrar e que, por um mundo idílico, tão prontamente aprendi a perder.

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