quinta-feira, 23 de maio de 2013

"Miguel", momento nº 14.

As portas abriram-se.
O sol entrou,
Carismático e brilhante,
Iluminou a mobília
Que só conhecia pó.

Não gritou, porque o Sol
Não sabe gritar.
A sua luz quente
Foi o suficiente para
Abrir a jaula onde pus o coração.

Cá fora, já não era o Sol.
Eram olhos, aos milhares.
Humanos, imaginados,
Medos e frustrações.
Eram olhos, aos milhares.

E de repente desapareceram.
Um momento, um respirar,
Um conjugar de almas,
Eu e tu no plano imaginado,
A representação de nós.

E vi que o coração não aguentou.
Derreteu-se num rio doloroso,
Salgado e saboroso.
Correu-me o corpo,
Lavou-me a alma,

Despiu-me os pudores,
Desabou as defesas,
Ignorou os bravados.
Deixou-me vulnerável.
Fez-me sentir vivo.

Sem comentários:

Enviar um comentário