domingo, 12 de maio de 2013

Joker.


Basta um dia mau. Basta a teia que tu construíste durante tanto tempo ser quebrada num pequeno anel. Basta veres as tuas expectativas e sonhos pisados como uma poça de chuva. Basta um dia mau. Quando ele chega, por fim, esquece tudo aquilo a que chamavas borboletas no estômago, calor no peito, secura na garganta. Diz olá ao riso. Gargalhadas, gargalhadas e mais gargalhadas. Porque tudo não passa de uma piada, na verdade. De que vale a pena tentares encontrar nas circunstâncias e no destino justificação para te comportares como uma criança a quem te tiraram o brinquedo favorito? Vale a pena ficares tão sério por isso? Porque o teu pai enchia-te a cara de porrada ou de outra coisa? Porque descobriste que existem mentiras e traições e o Peter Pan não? Porque não encontras felicidade na máquina de produção em massa a que chamas vida? Porque descobriste que o príncipe a quem oferecias o teu coração estava à espera que te oferecesses mais abaixo? Porque não suportas aquilo que vês ao espelho e o julgamento do teu reflexo? É por isso que estás tão sério? És ridículo. É por isso que nunca deixarás de ser o húmus que habita no esquecimento colectivo de quem te conheceu. Porque te bastou um dia mau para colapsares. Porque não és como eu. Também tive um dia mau, uma vez. Mas só me deu vontade de rir. Porque é como construíres um castelo de cartas. Levas anos, mas assim que suspiras, desaparece tudo. E ficas a chorar, pelas tuas cartinhas derrubadas. Agora deves querer fazer isso mesmo. Chorar pelas tuas cartinhas. Ou então soltares a frustração de seres tão importante como um grão de areia e bateres-me. Mas não vale a pena, porque vou continuar a rir-me. Porque tu és uma piada, eu sou uma piada, tudo não passa de uma grande piada. Quanto mais depressa perceberes isso, melhor.

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