quinta-feira, 11 de abril de 2013

Perdido #2

O sentido desapareceu, bem como a vontade de ser coerente. Sumiu, esfumou-se, sei lá. Fica só o ardor no peito. O peso nas pálpebras. A vontade de fechar os olhos. A cama tornou-se o meu maior ardil na busca da felicidade. O movimentar-me tornou-se no meu maior rival contra o bem-estar. Em suma, viver tem-me custado muito. É como a barragem que, de tanta agressão e tempestade, começou a verter toda a água pacientemente recolhida durante anos e anos. Com a pequenina diferença que, de barragem, não tenho nada, apenas dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor, dor. Quero adormecer. Quero deixar de sentir. Quero desaparecer. Quero voltar a ser eu. Quero deixar de odiar quem amo. Quero deixar de me vilanizar na esperança de alcançar o epítomo  duma superioridade que só tem expressão no âmago do meu sofrimento.

Deus, estou perdido. Por favor salva-me, se não sou engolido. Perdoa-me a fraqueza, a falta de carácter, a arrogância, a indecisão, a incoerência, a depressão. Não preciso de milagres, de grandes mudanças, de anjos, de santos. Só quero voltar a sorrir com vontade. Sorrir, com alegria, porra, quero estar bem, deixar de pensar em tudo e em nada, de chorar por tudo e por nada, salva-mesalva-mesalva-mesalva-meSALVA-ME!

Tira-me daqui, elimina os meus grilhões, livra-me do mal que me persegue, do passado que me aprisiona, do presente que me consome, dos vícios que me atraiçoam, de tudo tudo tudo tudo.

Não me quero sentir mais assim, perdido. Ajuda-me, Deus, meu Pai e Senhor. Em nome de Jesus, e para tua eterna glória, amén.

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