sexta-feira, 26 de abril de 2013

Mil máscaras.

Máscaras. Tenho uma colecção delas. Mas não são as das personagens populares da cultura ocidental. Não tenho imitações dos vilões e heróis das películas das nossas vidas. Tenho é máscaras de mim. Muitas mesmo. Têm todas a mesma cor, o mesmo formato, a mesma textura, a mesma aparência. Qual é a diferença entre elas? A magia. Cada uma transforma-me num ser diferente, numa personalidade diferente. Por vezes sou carinhoso. Por vezes sou sacana. Por vezes sou arrogante. Por vezes sou modesto. Por vezes sou alegre. Por vezes sou triste. Por vezes sou embirrante. Por vezes sou tolerante. Mas nenhuma delas sou eu. Porque são todas máscaras. E se alguma for confrontada por ter agido de forma errada com alguém, não me atinge. Estão a discutir com uma máscara, não comigo. E assim fujo, para o infinito do sonho que criei para o meu eu real.

Mas quebraram-me as máscaras. Expuseram-me. Agora não tenho onde me esconder. Agora aquilo que se vê é exactamente a mesma aparência. Mas a personalidade, o sumo, o interior, é enrugado, cravado de erros, de manipulações, de mentiras, de traições, de falsos moralismos, de lições falhadas, de coisas más. Tudo aquilo que não está de acordo com o culto que fiz às minhas máscaras.

Está na hora de aprender a viver com os meus esqueletos. Com os meus erros. Está na hora de desistir do jogo das máscaras. Está na hora de sofrer, confrontar, ouvir, ser julgado, criticado, magoado. Em suma, viver honestamente, com orgulho de se ser imperfeito.

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