sábado, 21 de maio de 2011

O quadrado.

Éramos um quadrado sólido,
Assente em quatro cantos
Indiferentes a qualquer ruído,
Construídos com bonitos mantos
De amizade, como irmãos santos.

Mas se santos entre nós fomos,
Agora não somos mais que destroços
Que num baú de mentiras pomos,
Na esperança de que os fossos
Que construímos deixem de ser nossos.

Sinto-me como um pilar solto,
Separado da sua fundação,
Vendo à sua frente, morto,
O sólido que simbolizava a união
Que tínhamos na palma da mão

E que, sem lhe darmos valor,
Se foi desvanecendo naturalmente,
Caindo-me agora, com esplendor,
O trovão que exorbitante
Me anuncia o fim, de forma acutilante.

Porque de momentos se faz a compreensão,
De palavras se fazem as relações
E foi hoje, ao olhar-nos no coração,
Que percebi que já não éramos leões,
Mas carcaças pútridas fingindo-se amigões.

2 comentários:

  1. Excelente, profundo, sentimental *.* Adorei, muito bom mesmo

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  2. As coisas mudam independentemente da nossa vontade. As pessoas crescem e só aí é que se revelam, e quando nos damos conta, percebemos que as pessoas que pensávamos conhecer tão bem afinal são perfeitos desconhecidos.
    E nesse aspecto tens dois tipos de pessoas: as que fazem merda e se arrependem e as que fazem merda e cagam. Cabe a nós perdoar ou não.
    Mas sabes que as coisas não voltam a ser como antes...

    Amo-te.

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