segunda-feira, 30 de maio de 2011

Carrossel.

Rodeado por figuras enormes,
Do tamanho que o Mundo lhes quis dar,
Sinto-lhes a forma mas retiro
Que o seu objectivo não é estético
Nem sequer seguir uma regra estruturante,
Mas sim um desanuvio suspirado
Numa hora de maior calor criativo.

E vão girando e girando à minha volta,
Tão rápido que eu perco o conceito
Daquilo que eles para mim eram,
Passam a figuras disformes
Que me confundem toda a mente,
Flutuando-me em sentido contrário
À corrente que eles seguem no seu giro
Que tem de tudo menos de planeado.

Quando decidem parar, o meu sentido é lançado
Contra o chão proporcionado pela imaginação
De quem me colocou em tão demente
Casa de bonecas, verificando eu que tudo
Estava diferente. Objectos diferentes,
Um aroma diferente no ar, uma atmosfera
Diferente, mas algo mantinha-se na mesma.
O meu tamanho para com o que me rodeava.

Nem mesmo o fato negro que de súbito me apareceu
Contrastava o suficiente com a diferença de tamanho.
O medo metafórico neste panorama abstracto
É tanto que tento fugir, mas a bloquear-me
Estão pequeninas pedras, inertes e frágeis
Que têm algo de familiar. Mas não me recordo.
Só quando os sólidos me tentam esmagar entendo
Que aquilo que magoava os meus calcanhares
Eram os sólidos que há pouco giravam.

Agora eram tão minúsculos que não lhes liguei.
Erro meu. Poderiam ter-me preso ao chão,
E não teria que voltar a sofrer com todas as voltas.
Mas aprendi a lição, nunca esquecer o que deixei.
No fim da rotação, vi-me novamente rodeado
De gigantesas diferentes, iguais no tamanho.
Haviam uns cascalhos à frente dos meus pés.

Afastei-os com um pontapé.
Estavam a incomodar-me.

(Yes - Roundabout)

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