tag:blogger.com,1999:blog-39636463939775570952024-03-08T03:43:33.050-08:00Um comunicador social em verso.Carlos Duartehttp://www.blogger.com/profile/10457624870000807263noreply@blogger.comBlogger96125tag:blogger.com,1999:blog-3963646393977557095.post-55687514142948805252014-01-19T14:26:00.001-08:002014-01-19T14:26:01.981-08:00Luar.O luar és tu.<br />
Uma luz tremeluzente, fugaz,<br />
Uma memória pintada<br />
No quadro negro do meu peito.<br />
<br />
Circular, não porque<br />
O tamanho literal o justifique,<br />
Circular porque o início e o fim<br />
Do amor és tu.<br />
<br />
E nem as pequeninas estrelas<br />
Que pintei por cada lágrima<br />
Da tua ausência,<br />
<br />
Reparam o diminuir da tua luz,<br />
O eclipsar da minha vida,<br />
A escuridão onde vivo sem ti, meu Luar.Carlos Duartehttp://www.blogger.com/profile/10457624870000807263noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3963646393977557095.post-19951321790873859672014-01-12T05:02:00.002-08:002014-01-12T05:03:20.186-08:00Saudades de ti.Não quero dormir mais. Dormir, significa libertar-te na minha mente, permitir que voltes, que fales comigo, que me toques, que existas perto de mim, que não sejas só uma rotina que nunca existiu, uma sms de feriado, uma memória do que nunca estimei. E isso dói. Porque quando, efectivamente, te soltas, eu, efectivamente, persigo-te, na ânsia de encontrar a solução, o caminho dourado que me levará para ti, para esse castelo brilhante onde te escondes publicamente de mim. E tu vais deixando migalhas, pequenos sussurros que antecipam a descoberta das palavras mágicas que explodirão esta bolha onde vivo a tua ausência com mais ardor do que vivi a tua permanência. Mas acordas-me sempre no fim. Na última palavra, no momento-chave, acordas-me. O teu último acto de misericórdia perante os restos quebrados do que um dia foi a tua alma gémea. Porque tu não queres que eu ouça o teu último sussurro, porque não queres que descubra que não existe nenhum caminho dourado nem castelo onde te escondes, apenas a rua liberta para eu passar e a tua própria escolha em não estar comigo. Porque não queres que eu saiba que a última palavra é "acabou". Porque sabes que, se nem a dormir eu posso fingir que não acabou, então o sentido perde-se, o fosso aumenta e os pedaços que eu cortei de mim, a cada palavra amarga que te dirigi e a cada atitude errada que contra ti cometi desaparecerão, ao vento, na ânsia de que um dia, um segundo, tu os queiras colar de novo.Carlos Duartehttp://www.blogger.com/profile/10457624870000807263noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3963646393977557095.post-77200200735199842772013-10-23T04:47:00.000-07:002013-10-23T04:47:11.898-07:00E agora?Agora, o tempo não anda. Parou, foi um estalo de dedos divino que o Mundo não ouviu, só eu e o meu tempo. Para quem rodeia o espaço onde o meu corpo vagueia vazio, foi um piscar de olhos. Para mim, é um labirinto eterno de gelo, dor de barriga e, sobretudo, ódio. Felizmente, a carcaça que alberga aquilo que posso chamar "eu" está programada para o auto-piloto. Os membros mexem-se sozinhos, os dedos trabalham sozinhos, a voz fala sozinha. Eu é que não estou lá. Estou perdido, algures, num sítio que diversas teorias teimam em apelidar de "karma". Eu prefiro destino. É bem menos exótico, mais frio, mais real, mais doloroso. Mas principalmente, dissimulado. Porque por vezes, torna-se invisível e eu julgo estar finalmente livre dele, da força gravítica que ele exerce no que vai restando da minha alma, das palavras azedas com que ele corrói o meu ser, das memórias que ele me mostra, perdendo a cor e a vida para darem lugar ao cinzento doloroso e morto com que ele as impregna. Só que o destino também é manhoso. Basta uma fracção de segundo para me aprisionar de novo e eu ficar, novamente, perdido. E agora? Agora, o tempo não anda. Maldita a hora em que eu quis parar o relógio.Carlos Duartehttp://www.blogger.com/profile/10457624870000807263noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3963646393977557095.post-39832026082329492732013-09-25T08:12:00.001-07:002013-09-25T08:12:52.187-07:00Outono.Uma folha cai. Castanha, cansada, com o verde a fugir pelas linhas duras da sua forma geométrica. É o Outono que regressa. Com ele, regressam os ventos, portadores de memórias do que um dia esta época significou. Identifico a sua chegada com o arrepio pelo meu corpo, causa-efeito da electricidade estática que o que dissemos carrega, solto no ar. Já não estou onde os meus sentidos me dizem que estou. Fui onde o meu coração me levou. A um banco, num jardim, em frente a um miradouro, com Lisboa a olhar para mim. No meu colo, pela primeira vez, soltas as tuas emoções, os teus receios, os teus desejos, as tuas esperanças, o teu ser. Quando tento afagar tudo o que me dás, acabo por afagar apenas a minha perna. Estou num degrau, numa qualquer rua, em frente a uma estrada, com Lisboa a olhar para mim. No meu colo, as minhas mágoas, a minha dor, as minhas lembranças, as minhas incertezas, a minha saudade. E uma gota de chuva, ácida. Olho para cima, para me abrigar do temporal, mas engano-me. Não estão nuvens no céu. Apenas a memória de quando o Outono foi sentir-te e não lembrar-te.Carlos Duartehttp://www.blogger.com/profile/10457624870000807263noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3963646393977557095.post-15133194361077142712013-09-11T07:21:00.001-07:002013-09-11T07:21:05.865-07:00O homem tatuado.Não havia jaulas nem grades nem paredes nem bloqueios nem paredes nem muros nem nada. Havia sim, um homem sentado, todo tatuado. O que pairava no ar eram palavras, munidas de sons familiares para os seus ouvidos adormecidos. Levanta-te! Deita-te! Tu mereces isto! Tu tens que te continuar! Tu tens que seguir em frente! Tens que viver! Não podes alimentar-te do passado! Não passavam de palavras. As palavras, assim, sozinhas, apenas proferidas, têm um efeito balsâmico apenas na imaginação. Na realidade não passam disso. Criações humanas para combater a solidão que nos é inerente. O homem tatuado não se levanta nem as tenta imbuir de acções. Foi assim que ganhou as suas tatuagens. Escritas a sangue. Tu és uma merda. Tu não sentes nada. Tu és um monstro. Tu não mereces nada. Perdeste tempo demais. Agora já é tarde. És um manipulador. Não prestas. Todas estas tatuagens fazem pressão extra na pele do homem tatuado. De cada vez que as tentou negar, as acções voltavam a provar a verdade da sua fraqueza, enfim, da sua condição humana. E doíam. Não na pele. Não nos órgãos internos. Não no corpo. Doía num espaço secreto, que só descobrimos quando transformamos o futuro em passado, por não ligarmos ao presente. O homem tatuado já quase não tem pele, ou carne, ou ossos, ou corpo, ou forma. Tem as palavras tatuadas na sua existência, porque ele já tentou arrancar a dor, escavando até ao fundo de si mesmo, sem restar mais por onde escavar. As vozes continuam, as palavras também. O homem tatuado continua sentado. Volta a sentir dor. Volta a tentar arrancá-la. Já não tem mais sangue para deitar, lágrimas para escorrer, força para continuar. Já não tem nada, senão as suas tatuagens. Escritas a sangue. Tu és uma merda. Tu não sentes nada. Tu és um monstro. Tu não mereces nada. Perdeste tempo demais. Agora já é tarde. És um manipulador. Não prestas.Carlos Duartehttp://www.blogger.com/profile/10457624870000807263noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3963646393977557095.post-90682513775311139572013-09-10T10:10:00.000-07:002013-09-10T10:10:24.647-07:00O teu aroma.Está um aroma familiar no ar.<br />
Cheira a sorrisos sinceros,<br />
A gargalhadas que só<br />
O cristal da tua genuinidade<br />
Poderia retinir.<br />
<br />
Ansioso, procuro pela sua proveniência.<br />
Vai intensificando, com travos<br />
Do teu olhar com sabor a avelâ,<br />
Dos teus cabelos, deliciosos fios<br />
Cozinhados pelo calor da tua existência.<br />
<br />
Fica tão forte, que quase perco a vista.<br />
Corro, para conseguir alcançar<br />
A tua pele morena, tingida pelo<br />
Sol que tanto amas, tão viciante<br />
E charmosa como a tua alma.<br />
<br />
Quando lá chego, vejo que me engano.<br />
Não és tu que soltas o aroma.<br />
É a saudade, eterno manipulador<br />
Da minha vontade de existir.<br />
Tu vais lá ao longe, com outro aroma.<br />
<br />
Aroma de renovação.<br />
Aroma de mudança.<br />
Um aroma que não é o teu.<br />
Porque já não é o que partilhámos.<br />
Esse, fica só nas minhas feridas.<br />
<br />
<br />Carlos Duartehttp://www.blogger.com/profile/10457624870000807263noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3963646393977557095.post-63291580258068421472013-09-09T02:45:00.000-07:002013-09-09T02:45:37.978-07:00O Amor da minha vida.Sabes o que é ridículo? Perdi este tempo todo a procurar em todos os que me rodeiam o sorriso que apenas tu me sabes dar. Eu sempre soube que só poderia voltar a ser feliz se não te deixasse ir embora. Mas não quis que chorasses mais. Não quis que estivesses com um traidor. Não quis que estivesses com quem os teus pais não iriam aprovar. Não quis que estivesses com quem os teus amigos não iriam aceitar. Não quis que tivesses de sofrer por estar com quem amavas. Meti na cabeça que só irias ser feliz se me deixasses de amar. Estúpido, não reparei que, à medida que isso ia acontecendo, eu ia morrendo. Átomo a átomo, ia desaparecendo. Então disse-te, quero-te. Então disseste, vieste tarde demais. Tentei, em desespero, arrancar tudo o que tinha dentro de mim, com raiva da minha inércia e burrice. Só encontrei o vazio. Vazio de tudo o que arranquei para suportar a dor de não ser o homem da tua vida, de não ser perfeito para ti, de te ter traído, de ter fingido que o melhor era não estarmos juntos. Agora grito, em desespero, para ouvir o meu próprio eco. Tento sorrir, para que não te tenhas de preocupar. Mas não consigo. Não porque queira que te sintas mal, mas porque já não o tenho. Bem como o meu coração e tudo aquilo que tinha de bom, aliás. Foste quem encontrou algo positivo em mim, foste quem ficou com isso e levou para longe de mim. Sabes o que é ridículo? É eu acreditar ainda na vã esperança de que um dia voltaremos a estar juntos, porque amores assim só acontecem uma vez na vida. O ser humano é mesmo assim, masoquista. E enquanto tiver pele para arranhar e cortar, continuarei a sentir esperança. Que possas sorrir e encontrar a verdadeira felicidade.Carlos Duartehttp://www.blogger.com/profile/10457624870000807263noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3963646393977557095.post-19540102732197694452013-09-03T06:59:00.000-07:002013-09-03T06:59:00.821-07:00Farto.Estou tão farto de olhar para o vazio. De procurar nas sombras do que não existe aquilo que a minha memória retém. De saborear o resto das entranhas do passado. De cheirar o perfume do deserto que sobrou do jardim onde reguei a minha felicidade. De ouvir os sorrisos silenciosos duma película onde já fui actor principal. De tocar nas curvas dos erros e das injustiças daquilo que, antes do meu toque, era perfeito. Estou tão farto, mas tão farto de caminhar sozinho. De ouvir uma porta entreabrir, fechando à velocidade da luz assim que falta uma fracção de segundo para a transpor. De ver uma luz ténue, a acompanhar-me para o que eu julgo ser o fim do túnel, desaparecendo assim que a ilusão ameaça tornar-se realidade. De sentir uma mão vinda da escuridão, acompanhando-me pela corda bamba que se torna precipício sem fundo assim que procuro o resto do braço. De cheirar o perfume dum Mundo melhor, imediatamente mascarado pela podridão dos fragmentos do meu interior. De saborear o doce das borboletas no estômago, para se metamorfosearem em traças corroendo-me por dentro assim que as deixo entrar. Estou farto. Estou tão, mas tão farto de ter esperança em tornar plural o que merece apodrecer singular. Estou farto de mim.Carlos Duartehttp://www.blogger.com/profile/10457624870000807263noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3963646393977557095.post-79104807126109222852013-09-02T05:57:00.000-07:002013-09-02T05:57:07.837-07:00A Solidão.A solidão é um sentimento muito engraçado. Parece-se com as mãos dum ilusionista. O ilusionista não usa luvas, mostra-nos vezes e vezes e vezes e vezes sem conta que não tem segredos nenhuns que possamos ver. Mas quando menos esperamos, algo prodigioso acontece, vindo das profundezas mágicas contidas no estalo de dedos do mágico. Com a solidão é o mesmo. Achamos possível dominá-la, conhecer as suas manhas, saber que ela não passa da insegurança elevada à razão da nossa resignação pessoal. Mas de repente, sem que tivéssemos tido oportunidade de olhar duas vezes, ela estala os dedos e estamos sós. De novo. As vozes de fundo, os corpos ao lado, os objectos mortos, as palavras vazias, os sentimentos que se passeiam sem nos serem direccionados. E aí, ouvimos as palmas. O truque funcionou de novo. Novamente os apertos de mão, os esgares surpreendidos, os votos de companheirismo sóbrio e, portanto, sem sentido. Não estás só. Estás rodeado de amor e carinho. Estás rodeado de tudo aquilo que precisas para ser feliz. Pois. Apenas não percebem que o truque não é esse. O truque é que não sou eu que vêem. Apenas uma miragem, projectada pelo olhar frio e sem remorso da solidão. Eu fico preso, enquanto o truque decorre, dentro das imagens e cores e sons e sabores daquilo a que um dia chamei "amor". O que mais custa no truque é quando saio e vejo que, cá fora, não existe nada. Apenas a solidão, vestida de preconceitos e inseguranças, a olhar fixamente para mim, à espera do segundo em que não consigo esquecer-me de que ela existe. Do segundo em que volto a olhar para as suas mãos. Do segundo em que ouço o estalar de dedos. Do segundo em que me volto a refugiar na dor familiar daquilo que foi o meu sorriso. Do segundo em que o truque acontece.Carlos Duartehttp://www.blogger.com/profile/10457624870000807263noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3963646393977557095.post-40369565675932879352013-08-29T02:37:00.000-07:002013-08-29T02:37:14.596-07:00O balouço.Andar num balouço tem tanto de divertido como de vertiginoso. As certezas, ao balouçar, passam a ser memórias distantes dum livro abandonado. Desenganem-se os que catalogam o balouçar como brincadeira de criança: é assunto sério e bastante adulto, sublinhe-se. Quando nos encontramos lá, entramos, às vezes sem consciência disso, no subtil paradoxo da viagem de dois sentidos. E o que, inicialmente, se afigura só como um presente aos nossos sentidos, ganha velocidade e ímpeto numa relação directamente proporcional à perda de controlo e domínio que daí advém. No fundo, quando damos por nós, o balouço já descolou, tornando-nos meros espectadores do brinquedo que um dia tentámos, inutilmente, pilotar. Quando se chega a esse estado, só existem, na verdade, duas opções. Ou se salta para o mistério, ou se trava em segurança. O problema está em saber aquilo que realmente queremos. Porque o balouço e tudo aquilo que representa alimenta-se dos binómios que tanto tentamos ignorar até nos despedaçarem, fissuras abertas dum terremoto por acontecer. Custa muito escolher entre parar a brincadeira, esquecer a adrenalina do balouço, voltar ao ponto de partida incólume e saltar para o que não conhecemos, quebrarmos as barreiras do que somos e pelas quais nos regemos, fechar os olhos para não antecipar a inevitável queda. Eu vejo-te, nesse balouço. Balouças a uma tal distância e velocidade que, por muito que queira, não sou grande ou forte o suficiente para te ajudar. Mesmo que o fosse, seria inútil. Quem controla o balouço és tu. Por isso vou continuar, espectador ansioso, a ver-te balouçar. O balouço tem tanto de divertido como de vertiginoso. As certezas, ao balouçar, passam a ser memórias distantes dum livro abandonado. No entanto, há uma que podes guardar. Saltes para o vazio ou pares o balouço, não sairás dele sozinha, estou aqui para te ouvir dizer, eu fiz porque quis.Carlos Duartehttp://www.blogger.com/profile/10457624870000807263noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3963646393977557095.post-17331224294316357202013-08-27T12:43:00.003-07:002013-08-27T12:43:34.936-07:00As palavras.Por vezes, a palavra escrita tem mais impacto. Porque, para ser escrita, tem que ser digerida segundo todos os seus sentidos, de forma a que a nossa alma possa ser lida em cada uma das suas sílabas. A palavra falada, no entanto, é exactamente o contrário. Quanto menos tempo levou a ser criada, mais de nós ela encerra. O problema reside quando aquilo que queremos transmitir é, em tudo, contrário ao que não evitamos sentir. Ou porque não temos o dom da falácia, arte soberana das palavras vazias. Ou porque não temos o talento para o silêncio, encorajador duma cadência mais natural e fluida. Ou porque, simplesmente, não mostrar custa mais do que mostrar. Mas o destino é assim. Não é uma via rápida pelos nossos desejos e vontades. Às vezes, podemos, por pressa ou falta de orientação, passar por um lugar onde poderíamos ser felizes. No entanto, a felicidade tem tanto de madrasta como de irónica, pois, tal como uma viagem sem mapa, podemos vir, noutro momento, a reencontrar a terra que um dia achámos igual a todas as outras.Carlos Duartehttp://www.blogger.com/profile/10457624870000807263noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3963646393977557095.post-89177110395214735752013-08-26T09:58:00.002-07:002013-08-26T09:58:24.831-07:00Sou o que precisas que seja.O momento decisivo<br />
Em que a compreensão<br />
Se tornou realidade,<br />
Esfuma-se nas dúvidas<br />
Criadas pelo oposto<br />
Da minha vontade.<br />
<br />
Mas nem por isso deixa de existir.<br />
Mesmo quando o destino<br />
Está pintado numa tela diferente<br />
À que usámos para o criar,<br />
As cores não deixam de ter o calor<br />
Suficiente para nos alegrar.<br />
<br />
Mesmo quando as palavras<br />
Contam uma história diferente<br />
Das acções que nos guiaram à confusão,<br />
A força que cada um tem<br />
Não deixa de nos cativar,<br />
Num rodopio de deliciosa ignorância.<br />
<br />
Por isso, aqui continuo.<br />
Talvez para ti seja mistério<br />
O que para mim é certeza.<br />
Mas não importa o que julgamos saber,<br />
Pois não ambiciono a mais<br />
Do que aquilo que precisas que seja.Carlos Duartehttp://www.blogger.com/profile/10457624870000807263noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3963646393977557095.post-85910778136030534672013-08-25T10:19:00.000-07:002013-08-26T09:40:40.760-07:00Carta de amor.Olá. Acho que nunca te escrevi nada. Pelo menos assim. Mas penso que, com tudo o que passámos, mereces aquilo que nunca te dei. Uma carta de amor. Já estivemos tão apaixonados. Já estive tão pronto a deixar tudo o que me rodeia apenas para poder flutuar nessa confiança, nesse prazer sórdido que me davas. Contigo, sentia-me o rei da montanha. O epitomo dos valores. O líder ideológico duma geração por nascer. Sentia-me mais poderoso do que todos os exércitos, o mais forte de entre os homens, o filho renascido de Deus. Em suma, bêbedo. Porque nunca percebi que me usavas. Para inchares e inchares e inchares. Até conseguires cobrir todas as pessoas que me rodeavam. Todos os sítios que me rodeavam. Tudo o que me rodeava. Assim, só existíamos os dois. De tão embriagado que estava, acreditei que assim era feliz. Mas tu quiseste ser mais ambicioso. Quiseste inchar ainda mais. E houve quem procurasse por mim. Quem perguntasse por mim. Quem olhava para mim e não me via. Porque me cobriste com todo o teu esplendor, criado apenas pelo calor de palavras vazias de acções. Um dia rebentaste. E desapareceste. Deixaste-me completamente nú, num sítio onde não conheço ninguém, onde não consigo andar, onde não me sinto feliz, onde não me encontro, onde sofro. Tudo, para que pudesses chegar aos teus limites. Hoje, tento ser feliz de novo. Mas tem sido tão difícil. Graças a ti, que me expuseste. Por muito que me tente, a cada desafio proposto pelo caminho à minha frente, resguardar-me e parecer alguém completo, não consigo. Porque quando explodiste, explodi eu contigo e agora não sou inteiro e isso nota-se. Sou apenas fragmentos colados à pressa de alguém que se apaixonou por si mesmo. E a cola tem demorado tanto, mas tanto a secar. Tudo por tua culpa. Tu, que tanto amei, sem perceber a cegueira de se amar o próprio reflexo. Carlos Duartehttp://www.blogger.com/profile/10457624870000807263noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3963646393977557095.post-59560238583782590802013-08-23T01:59:00.002-07:002013-08-23T02:00:59.351-07:00Feedback.Obrigado. Porque me tens acompanhado. Porque o teu timing de entrada na minha vida não podia ter sido mais propício. Porque me tens ouvido e não o fazes calada. Porque falas de ti e não gostas que ouça calado. Porque tens, por personalidade ou gosto, aceite receber todas as minhas inseguranças, amarguras e defeitos. Porque tens, por personalidade ou gosto, retribuído com as tuas inseguranças, amarguras e defeitos. Obrigado. Porque eu penso demasiado, e sempre me martirizei por pensar em pensar demais. Porque tu cedo reparaste nisso e mostraste o teu exemplo, de quem não pensa demasiado e não se martiriza por pensar em pensar demais. E isso, dá-me força e vontade de seguir o teu exemplo. Obrigado. Pelo tanto que me tens dado em tão pouco tempo. Gosto de ti. Gosto de estar contigo. E isso é bom.Carlos Duartehttp://www.blogger.com/profile/10457624870000807263noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3963646393977557095.post-11599763219859741182013-08-22T01:59:00.001-07:002013-08-22T01:59:17.011-07:00Tumulto.Céu nublado, cinzento. Prelúdio de estabilidade monótona, difusa e confortável. A temperatura ajuda a compor este quadro. Sem cores quentes ou frias, apenas uma escala de cinza que acompanha, de forma sóbria, programada, o engrenar da máquina que nos pede produção. E eu, ao observar este clima que me tenta abraçar nas suas pontas sem virtuosismo, sinto-me oprimido. Porque dentro de mim está o negro. E o branco. E tudo aquilo que fica no meio. Em constante guerra, numa batalha cujo vencedor ainda não é sabido. Dum lado, os grilhões do medo, as correntes da incerteza, as chagas da expectativa, a dor da contrariedade. Do outro, a luz da esperança, o calor da serenidade, o tremor da gargalhada, a poesia do sorriso. Não sei quando terminará o conflito. Mas tento mantê-lo dentro de mim, para não atrapalhar o cinzento da normalidade lá fora, prelúdio de estabilidade monótona, difusa e confortável. Mas como todas as guerras têm o seu momento de viragem, um dia também o campo de batalha será pequeno demais para albergar tanto conflito. Só desejo não acabar como qualquer campo de batalha, abandonado por quem não desistiu enquanto não sobreviveu à custa da vida de outrém.Carlos Duartehttp://www.blogger.com/profile/10457624870000807263noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3963646393977557095.post-65045434325296237562013-08-19T06:28:00.000-07:002013-08-19T06:28:23.932-07:00Tropeçar.Tropeço. A própria palavra sugere o tropeçar, aliado ao embaraço, obstáculo, dificuldade, falha. Mas se calhar, foste um tropeço diferente. Porque o tropeço que tens sido sugere-me renovação, alegria, brilho, força. Aliás, ao contrário do que o dicionário insiste em dizer-me, não caí quando tropecei em ti. Levantei-me. Um pouco, é verdade, mas levantei-me. Não sei se és apenas um fragmento dum destino que desconheço, ou se és pilar duma casa por construir, mas sei que não és um tropeço daqueles que vêm nos livros. Não sei se este nervosismo constante advém da incerteza da queda, se esta frustração aparente nasce do medo de me aleijar se cair, se esta alegria penetrante existe pela adrenalina de não controlar o meu caminho. Mas sei que quero continuar a tropeçar. Muitas pessoas tropeçam assim, em tesouros. Se é o meu caso, ainda é cedo para saber. Nem me interessa saber. O prazer da ignorância só dá mais sabor à descoberta.Carlos Duartehttp://www.blogger.com/profile/10457624870000807263noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3963646393977557095.post-71295684814399436382013-08-14T07:10:00.003-07:002013-08-14T07:10:20.158-07:00O concerto.Estar sentado e olhar o horizonte.<br />
Ao lado, sempre ao lado,<br />
A companhia que me ignora<br />
O pedido de socorro nos olhos.<br />
<br />
Dentro de mim, um concerto.<br />
Mil trompas anunciando o fim,<br />
Com os violinos a chorarem a dor<br />
De não ouvirem os tenores a suplicar<br />
<br />
Pela libertação da sinfonia,<br />
A que me corrompe e corrói,<br />
Passeando-se pela minha imaginação,<br />
Diminuindo e destruindo.<br />
<br />
O tempo termina, toque de caixa<br />
Para o sistema novamente.<br />
Baixa-se o som, aumenta-se a intensidade,<br />
Levanta-se o sorriso, está tudo bem.<br />
<br />
Outro momento passou,<br />
Outro buraco foi criado,<br />
Até quando serei veneno,<br />
Até quando recusarei ser antídoto?Carlos Duartehttp://www.blogger.com/profile/10457624870000807263noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3963646393977557095.post-68903104837186640612013-08-13T06:36:00.000-07:002013-08-13T06:36:25.633-07:00Fugitivo.Se calhar é só insegurança. Se calhar é só os meus medos a falarem. Se calhar é só esperança. Se calhar é só uma tentativa ridícula de verbalizar aquilo que não pode ser limitado pela compreensão escrita. Do pouco que sei, sei que mete medo. Que me faz suar frio. Engasgar-me quando falo. Ficar envergonhado. Triste. Alegre. Perdido. Encontrado. E isto tudo quando, simplesmente, me mantenho calado, no meu canto, a pensar nisso. E isto tudo quando, desesperadamente, tento colocar esta torrente de informação nova numa gaveta para quando me sentir mais seguro. E isto tudo quando, resignadamente, me perco no raciocínio e nos meus terrores internos por imaginar, por alguns segundos, a Luz, tão natural, tão forte, tão assustadora, que me faz sentir assim. Natural, porque não acreditas sê-la. Forte, porque não imaginas o bem que me fazes com ela. Assustadora, porque a incerteza do amanhã é a maior amarra do hoje.Carlos Duartehttp://www.blogger.com/profile/10457624870000807263noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3963646393977557095.post-7199477278242422362013-07-31T04:22:00.000-07:002013-08-01T02:09:31.172-07:00A pá.É como uma brisa de ar numa casa que esqueceu o que era ter a porta aberta. São pequenos tremores, minúsculos suores, mínimas incertezas e um rodopio de folhas duma estação diferente daquela em que vivo. À medida que me surpreendo com o magnetismo destas coisas novas a que normalmente chamam "mudança", vou fugindo. Porque ir atrás do compasso pode significar a compreensão de que estou a dançar uma música diferente. E é mais fácil manter-me na marcha lenta, fúnebre, do meu enterro anunciado previamente pela insegurança de voltar a sentir. Já lhe conheço os passos, os andamentos, a estrutura, não tem surpresas, logo não tem desilusões. Por isso, tento fechar os olhos, não sentir o aroma de uma nova aventura, o brilho dourado da esperança... Em vão. Porque a pá com que me enterro pode ser pesada e segura, mas torna-se tão feia quando o arrepio da Primavera me envolve por segundos e me deixa assustado por, em quase ínfimos fragmentos de tempo, sentir vontade de fugir do meu corpo e percorrer, durante o infinito que dura um olhar, esse caminho que não sei se me levará ao mesmo destino do seu criador.Carlos Duartehttp://www.blogger.com/profile/10457624870000807263noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3963646393977557095.post-90996747114498013462013-07-26T07:24:00.000-07:002013-07-26T07:24:22.904-07:00Solteiro.Não sei lidar com a solidão. Não sei estar sozinho, não sei como reagir ao silêncio. No entanto, aqui estou. Sozinho, calado. É um momento novo, por ter perdido a novidade há muito. Não sei se deva, incessantemente, escavar por todas as areias e ilhas perdidas no meu subconsciente à procura do tesouro que me possa devolver a estabilidade da companhia. Não sei se deva apenas caminhar, de olhos vendados, ouvidos tapados e nariz cerrado, tropeçando em todas as pedras do caminho até encontrar uma que me levante em vez de derrubar. Não sei absolutamente nada. E sinto-me ridículo por ter achado algum dia que sabia. Só sei que a volatilidade da natureza humana é mais forte que a rotina, o previsível, o pragmático, o eterno. Nada é eterno, porque o eterno nunca conheceu o Homem. E quando conhece, é tarde demais, o Homem já se foi, só fica o corpo.Carlos Duartehttp://www.blogger.com/profile/10457624870000807263noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3963646393977557095.post-74370312647881829012013-07-22T08:00:00.000-07:002013-07-22T08:00:04.336-07:00Obrigado.O dia de hoje está a ser horrível. Porque gostava de me sentir como se estivesse em Outubro. Como se não tivesse descoberto aquilo que me deixa realizado, inteiro. Como se não tivesse descoberto que quem sofre mais com o segredo das suas próprias imperfeições sou eu. Como se continuasse a descartar os meus erros contínuos. Como se continuasse a dar por garantido todos os que expressassem carinho por mim. Como se não tivesse sido obrigado a expôr-me. Mas não. Hoje, sinto-me horrível. Porque hoje é o primeiro dia de uma nova aventura. A que tivemos acabou ontem. O cenário era umas escadas, cheias de todas as gargalhadas, frias das frases de circunstância. O tempo fugia por entre os pontos luminosos no céu, cada um representando as palavras que dissemos, os gestos que tivemos, a vida que vivemos. O ar estava tão respirável como no vácuo. Os corações batiam todos, ao ritmo das conversas sem sentido, sem vontade. Resultado óbvio da auto-defesa que a alma cria quando tem que dizer adeus. A cama estava preparada, à espera de que alguém desse a deixa. Mas ninguém falou. Falou o corpo. Falaram as lágrimas. Falou o silêncio. Agora, fala a mágoa. A mágoa de quem criou laços inesperados, laços que não sonhava poderem ser atados com tanta força, laços que não contava guardar numa gaveta, para a próxima oportunidade. Obrigado por tudo. Graças a vocês, o dia de hoje está a ser horrível. Até sempre.Carlos Duartehttp://www.blogger.com/profile/10457624870000807263noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3963646393977557095.post-80880270407417911432013-07-10T09:02:00.001-07:002013-07-10T09:02:55.050-07:00Troféus.O reflexo é forte. Dourado, metálico. Refresca-me o corpo. É sólido ao toque, impessoal, sem vida. É esse o meu cenário. Olho em volta, procurando algo mais do que isto. Mas só vejo letras bonitas, apregoando os maiores feitos, as mais valentes vitórias, os mais merecidos méritos. As minhas mãos tentam tactear à minha volta, mas em vão. Estão presas por umas correntes brilhantes, cheias de diamantes falsos, daqueles que brilham só quando não se olha para o seu interior. Tento gritar, até perceber que não tenho voz. Apenas tenho uma melodia constante, sempre no mesmo timbre, na mesma nota, na mesma melancolia. A minha mente tenta assustar-se e reagir. Nesse momento, percebo que não é o Inferno que me rodeia. É o Paraíso que eu criei, para substituir a imperfeição que me trazia calor, palavras mal-escritas e sinceras, cordéis gastos e simples, sons roucos, vindos do interior do coração. A imperfeição que tanto demorei a encontrar e que, por um mundo idílico, tão prontamente aprendi a perder.Carlos Duartehttp://www.blogger.com/profile/10457624870000807263noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3963646393977557095.post-61805366989123735312013-07-09T04:04:00.000-07:002013-07-09T04:04:09.992-07:00Paradoxo.É uma dança sem fim,<br />
Ao sabor do vento<br />
Da sinfonia do olhar.<br />
<br />
Ora quero esconder-me<br />
Na caverna mais lúgubre,<br />
Ocultando o negrume<br />
Dos meus desatinos<br />
E desalinhos,<br />
<br />
Ora quero gritar,<br />
Brilhando com a força<br />
Da liberdade intelectual,<br />
Nascida do milagre<br />
Da mudança.<br />
<br />
E é nesta dúvida,<br />
Muitas vezes certeza<br />
De uma consciência<br />
Não definida,<br />
Que passeio, em bicos dos pés,<br />
Sem saber para onde ir<br />
Nem muito menos qual o melhor destino.<br />
<br />
<br />Carlos Duartehttp://www.blogger.com/profile/10457624870000807263noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3963646393977557095.post-44987445049856003442013-07-03T03:53:00.001-07:002013-07-03T03:53:30.995-07:00Distância dos nossos olhares.A distância entre os nossos olhares é um Universo inteiro. Não porque estejamos longe. Temos é um conteúdo incalculável. De palavras que nunca diremos, de sentimentos que nunca verbalizaremos, de preconceitos que nunca ultrapassaremos. E isso é porque sou cobarde. Porque esqueço as leis da gravidade cada vez que sinto o teu toque. Porque o meu cérebro deixa de funcionar quando estás perto de mim. Porque a necessidade de controlar transforma-se em silêncio de cada vez que sorris. Por tudo isto e muito mais, talvez nunca conseguirei olhar-te nos olhos e dizer que me fazes questionar as minhas certezas, que me dás vontade de ignorar o descanso para ouvir os teus devaneios pela noite fora, que me colocas um sorriso de cada vez que as tuas infundadas inseguranças vêm ao de cima. Gostava de poder ser confiante o suficiente para te proteger das desilusões. Gostava de ser corajoso o suficiente para te mostrar a felicidade. Gostava de te dizer que estou apaixonado por ti. Mas, para isso, terei que ultrapassar a distância entre os nossos olhares. E essa, é do tamanho de um Universo inteiro.Carlos Duartehttp://www.blogger.com/profile/10457624870000807263noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3963646393977557095.post-30998072655094071792013-06-18T06:05:00.000-07:002013-06-18T06:05:05.863-07:00Espaço.Do espaço, tudo é relativo.<br />
Os planetas parecem berlindes,<br />
A luz parece eléctrica,<br />
Os problemas parecem histórias,<br />
A vida parece suspensa.<br />
<br />
Essa é a solidão do viajante,<br />
Artista dos novos mundos,<br />
Minúsculos no olhar<br />
Mas infinitos na mente<br />
Que os ousa navegar.<br />
<br />
Todas as palavras existem<br />
Sem terem aprendido a serem ditas.<br />
O som é uma memória distante<br />
De um sonho onde tudo o que parece<br />
Plural se torna miragem.<br />
<br />
Nesta dimensão sem cores<br />
Socialmente reconhecíveis,<br />
Não existem erros, porque não existe<br />
Moral, logo não existem guerras<br />
Nem existe sociedade.<br />
<br />
Existe apenas o existir,<br />
A essência suprema,<br />
Esquecida nos meandros<br />
Asfixiantes do controlo humano<br />
Sobre si mesmo.<br />
<br />
E assim vagueia, sem caminho<br />
Nem destino, a nave exploradora,<br />
Desbravadora de novas sensações,<br />
Sem adjectivos, preconceitos,<br />
Catalogações, enfim, livre.<br />
<br />
<br />
<br />Carlos Duartehttp://www.blogger.com/profile/10457624870000807263noreply@blogger.com0