sábado, 18 de maio de 2013
Monólogo de uma mente cansada.
É só sair de mim e observar. Está tudo igual. Diria até, sem novidades, como se toda a vida fosse o segundo que nos leva a perceber que existimos. No entanto, algo escapa. Falta. Não está, não esteve, não sei, alucino, desespero, olha, não tem explicação. Tento reflectir sobre isso. Mas com ideologias e sofismos não vou lá. Até porque são essas mesmas intelectualizações que me fizeram fugir de mim por um momento. Por isso, tento observar ao mais ínfimo pormenor o que se passa ao meu redor. E é aí que me atinge. Tudo e todos os que me rodeiam mostram uma textura diferente da minha. Será que consigo pormenorizar mais? Consigo, mas não quero. Eles estão formados por palavras. Escritas, pensadas, não fazem parte do momento. Fazem parte do outrora. Todas. As boas e as más. É hora de voltar a mim. As palavras desapareceram, como as pessoas que elas formaram. Só resto eu. Num fundo sem objectos, sem cores, sem nada. Tudo descoberto, em aberto, pronto a ser explorado. É o momento de apagar as palavras erradas, os erros ortográficos, as falhas de sintaxe. Voltar a escrever, a pintar, a criar. Fecho os olhos, e volto a sair de mim. A ilusão é mais confortável, a dor é mais aliviante, o lamento do passado é mais fácil. Sofrer por começar do zero necessita duma base corajosa, pronta a arriscar. E por agora, só consigo viver no que me prende aos conceitos com que construí a minha felicidade. Não consigo ainda viver feliz.
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