Hoje acordei.
Levantei-me da cama,
Fui lavar os dentes
E passar a cara por água.
O meu avô morreu.
Almocei com fartura,
Saí da minha casa,
Caminhei e falei,
Olhei e respirei.
O meu avô morreu.
Ouvi os lamentos,
Afaguei os cabelos,
Abracei as costas,
Beijei as faces.
O meu avô morreu.
Voltei a casa,
Tirei a minha roupa,
Vesti o pijama,
Deitei-me na cama.
O meu avô morreu.
Não me esquecerei nunca
Deste dia fatídico,
Apesar de não me ter sentido
Vivo, apenas uma marionete.
O meu avô morreu.
Os sentimentos, esses,
Ficaram anestesiados.
Quando um dia passar,
Irão rebentar com a minha força.
O meu avô morreu.
Amanhã, vou acordar
E repetir a mesma rotina,
Que para todos estará normalizada.
Eu nunca mais a verei da mesma forma.
Porque o meu avô morreu.
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